sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Real que sonhei

Que quietude de mar tão transparente
sempre
num azul que se confunde com o do céu em que adormeço
numa suave nuvem de algodão

Não percebo
meus olhos estão vermelhos
certamente o espelho está estragado!
Vejo um esgar
não meu sorriso-riso alegre de feliz criança.
Onde está o meu mundo
que criei em mim
bola colorida
que como quero gira em minhas mãos
ou nelas repousa
quando os dedos delicados
cansados se sentem eu nem sei de quê
ou puxam os braços p’ra me espreguiçar?

Estarei sonhando?
Aquela janela não pode ser a do meu quarto
e o mar que vejo encapelado
confunde-se, sim, mas com cinzentão disforme.
Onde estão as gaivotas coloridas?
E as ruas com as casinhas tão pintadas?

Corro, já vestida, com o cabelo ao vento
de olhos bem abertos quero ver tudo.
Duas crianças estendendo a mão
que gente não vê.
Senhores de cartola entre a multidão
que amalgama sonhos com a vida real
me levando a ver que ainda misturo o mel com o sal.
Mas sei que assim é
que mais vou andar
correr, tropeçar
com os pés bem assentes na terra do mundo
mas também sonhando
para crescer mais
com asas da liberdade
que jamais perderei
que será real
como a que sonhei.

Sem comentários: