sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Intimacy

A principal mensagem que retiro deste filme de Patrice Chéreau é o facto de a intimidade, para acontecer, não precisar necessariamente de passar pela linguagem, pela partilha declarada de pensamentos, pelo exteriorizar do eu... Ela surge de uma cumplicidade silenciosa, naquilo que parece ser uma procura e libertação algo comum aos dois protagonistas. Os encontros ocasionais das quartas-feiras são suficientes para que ambos desenvolvam uma forte ligação, onde acaba por existir uma ténue linha a separar o compromisso e o descomprometimento. E é curioso porque, desde o 1º encontro e naquele universo de anonimato, assistimos a uma relação onde o pudor não parece ter lugar, como se existisse já intimidade entre os dois, apesar de não se conhecerem e da relação tão impessoal e fria que, aparentemente, vivem. Outro aspecto marcante é o facto de existir uma muito maior intimidade entre ambos do que entre ela e o marido. Há várias cenas e diálogos que nos mostram isto, dos quais destaco o momento em que ela diz ao marido que este nem sabe como a magoar. Este momento acaba por confirmar a noção de que a intimidade não se estabelece pelo convívio diário e vivências banais do quotidiano. Ela requer muito mais (ou menos?) do que isso…

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