sábado, 23 de fevereiro de 2008

Hunted Hunter :: Projecto de Video Art

Partindo da relação entre fantasia, inconsciente e realidade, da tensão entre macro e micro e, por último, da apresentação do corpo como um território que possibilita a descoberta ou representação da vida, procurámos abordar questões paradoxais através da própria arte e da exploração de diversos medium. Uma tela, enquanto objecto real e palpável, é também um veículo que abre portas à ficção – imaginária ou do subconsciente desconhecido – e surge como elemento de separação entre realidade e fantasia. O corpo, como território de representação da arte e da vida, manifesta-se através dos sentidos – o universo micro – e das suas envolventes – o universo macro. A simbiose de contextos implícitos nas imagens e acções de “Hunted Hunter”, revela a complexidade de um ser cujo interior e exterior se projectam ambiguamente e sem distinção entre real e imaginário.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Real que sonhei

Que quietude de mar tão transparente
sempre
num azul que se confunde com o do céu em que adormeço
numa suave nuvem de algodão

Não percebo
meus olhos estão vermelhos
certamente o espelho está estragado!
Vejo um esgar
não meu sorriso-riso alegre de feliz criança.
Onde está o meu mundo
que criei em mim
bola colorida
que como quero gira em minhas mãos
ou nelas repousa
quando os dedos delicados
cansados se sentem eu nem sei de quê
ou puxam os braços p’ra me espreguiçar?

Estarei sonhando?
Aquela janela não pode ser a do meu quarto
e o mar que vejo encapelado
confunde-se, sim, mas com cinzentão disforme.
Onde estão as gaivotas coloridas?
E as ruas com as casinhas tão pintadas?

Corro, já vestida, com o cabelo ao vento
de olhos bem abertos quero ver tudo.
Duas crianças estendendo a mão
que gente não vê.
Senhores de cartola entre a multidão
que amalgama sonhos com a vida real
me levando a ver que ainda misturo o mel com o sal.
Mas sei que assim é
que mais vou andar
correr, tropeçar
com os pés bem assentes na terra do mundo
mas também sonhando
para crescer mais
com asas da liberdade
que jamais perderei
que será real
como a que sonhei.

Intimacy

A principal mensagem que retiro deste filme de Patrice Chéreau é o facto de a intimidade, para acontecer, não precisar necessariamente de passar pela linguagem, pela partilha declarada de pensamentos, pelo exteriorizar do eu... Ela surge de uma cumplicidade silenciosa, naquilo que parece ser uma procura e libertação algo comum aos dois protagonistas. Os encontros ocasionais das quartas-feiras são suficientes para que ambos desenvolvam uma forte ligação, onde acaba por existir uma ténue linha a separar o compromisso e o descomprometimento. E é curioso porque, desde o 1º encontro e naquele universo de anonimato, assistimos a uma relação onde o pudor não parece ter lugar, como se existisse já intimidade entre os dois, apesar de não se conhecerem e da relação tão impessoal e fria que, aparentemente, vivem. Outro aspecto marcante é o facto de existir uma muito maior intimidade entre ambos do que entre ela e o marido. Há várias cenas e diálogos que nos mostram isto, dos quais destaco o momento em que ela diz ao marido que este nem sabe como a magoar. Este momento acaba por confirmar a noção de que a intimidade não se estabelece pelo convívio diário e vivências banais do quotidiano. Ela requer muito mais (ou menos?) do que isso…

My Photos :: Touch






Estas imagens e as seguintes ("Touch" e "Taste") são fragmentos de um filme realizado para um projecto de videoarte, cujas cenas representam explicitamente o universo sexual de um homem e de uma mulher. O tipo de enquadramento, focagem e, sobretudo, a cor, contrastes e iluminação, pretendem realçar o forte envolvimento que existe entre ambos e a envolvente quente e intimista em que se inserem. Através de uma abordagem que é também provocatória, o forte erotismo associado às imagens é denunciado pelo aspecto carnal das mesmas, num apelo ao universo dos sentidos.

My Photos :: Taste